O Eixo Rodoviário de Brasília, conhecido como Eixão, é a via expressa que atravessa longitudinalmente toda a extensão do Plano Piloto - Asa Sul e Asa Norte. Ao longo de seus quase 16 Km, dispões de três pistas de rolamento em cada sentido de trânsito, com excelente pavimentação e sinalização, além de uma faixa intermediária com cerca de 4 m de largura no cento da via, denominada "Faixa Presidencial".
É uma via que se destaca tanto pela sua arquitetura e engenharia sofisticadas, quanto pelas belezas naturais e urbanísticas ao longo de suas margens. Aos domingos e feriados o trânsito de veículos é fechado em toda a extensão da via, que passa a ser desfrutada pela população com a prática de esportes, lazer, manifestações artísticas e shows, num evento conhecido como "Eixão do Lazer", já incorporado à cultura da cidade de Brasília.
A despeito de todas essas qualidades, esta é uma estrada que padece de um desagradável estigma: Cada vez que acontece um acidente nesta via, imediatamente registra-se um verdadeiro alvoroço no noticiário local, sempre com os mesmos chavões, do tipo "Eixão da Morte", "Fechem o Eixão", "Via Assassina", "Mureta no Eixão", etc, etc...
Invariavelmente essa onda difamatória, encabeçada pelo jornal local, Correio Braziliense, e seguida fielmente pelo telejornal DF-TV da Rede Globo, dissemina um verdadeiro horror na população e contagiando instantaneamente os pouco ocupados políticos locais, assim como tantas outras lideranças públicas e formadores de opinião.
Ato contínuo, sem qualquer análise crítica minimamente criteriosa, esses personagens passam a protagonizar euforicamente uma espécie de campanha contra o Eixão! Imediatamente aparecem os pseudoespecialistas de plantão oferecendo seus palpites e tentando mostrar suas propostas e sugestões, cada qual mais improvisada e impetuosa, inclisive muitas insanas e tolas, sem qualquer critério lógico.
No entanto, tudo isso decorre do fato de que o Eixão é uma vitrine perfeita para quem quer atrair holofotes e chamar a atenção da população incauta! Coisas típicas de jornalistas neófitos, correndo pra tentar "emplacar uma primeira página"!... E, lamentavelmente, a esmagadora maioria dos leitores não possui discernimento suficiente para perceber que essas matérias são desprovidas de análise e de fundamentos, além de serem tendenciosas, muitas vezes.
Bastaria uma simples avaliação dos dados disponíveis para se perceber que tamanho alarde é impertinente. Pois, vejamos:
1) A última morte no Eixão aconteceu em Abril/2011 - há mais de sete meses, sendo que a média nesta via tem sido de cerca de uma morte a cada 15 meses (Ou seja, nos 16 Km do Eixão morre menos de 1 pessoa por ano, em média);
2) O DF possui outros 1.660 km de vias e TODAS, isso mesmo, TODAS ELAS oferecem condições de tráfego e de segurança muito inferiores ao Eixão. Ou seja, são piores que o Eixão sob todos os aspectos;
3) Nesses outros 1.660 km morrem, em média, 480 pessoas por ano;
4) Isto significa que, proporcionalmente, as demais vias matam quase cinco vezes mais do que o Eixão. Se fossem feitas comparações com trechos específicos, seguramente identificar-se-iam vias com índice de mortalidade dez vezes ou mais superiores ao do Eixão.
Como exemplo, há pouco menos de três meses morreram 5 pessoas de uma mesma família, inclusive duas crianças pequenas, na via que liga o Plano Piloto ao Gama. Pouco antes disso morreram 12 pessoas em dois acidentes na via de acesso a Brazlândia. São tragédias infinitamente mais graves do que os raros casos isolados que acontecem no Eixão e que não mereceram qualquer destaque da imprensa local que, paradoxalmente, sequer cogitou a necessidade de se melhorar as condições daquelas vias, tampouco de se colocar muretas de proteção ou coisa que o valha.
Entretanto, no Eixão, que é, sem sombra de dúvidas, a melhor e mais bem pavimentada via do Distrito Federal, basta acontecer uma imprudência, uma batida mais grave, que o chavão volta à mídia: "Fechem o Eixão da Morte", "Coloquem Mureta no Eixão". Ora, nem a Autobahn, a melhor e mais tecnológica estrada do mundo, construída para se trafegar a 250, 300 km/h dispõe de mureta dividindo suas faixas. Em alguns trechos h, no máximo, um simples guard rail na margem.
Além disso, construir a cogitada mureta ocupando ou dividindo a chamada faixa presidencial do Eixão seria uma perda importante, pois aquela faixa é um diferencial que favorece, sobretudo à segurança da pista, conforme veremos mais adiante.
As demais vias do DF, estas sim, podem ser chamadas de pistas assassinas ou estradas da morte, assim como a imensa maioria das estradas brasileiras. Porém, o Eixão, definitivamente, não. Além de ser a melhor e mais bem equipada via do DF – quiçá do Brasil – preserva diferenciais de segurança e trafegabilidade únicos. Vejam:
1) Não tem subida;
2) Não tem descida;
3) Não tem precipício, desnível nem barranco nas margens;
4) Não tem curvas;
5) Dispões de 6 faixas - três em cada pista, com uma pavimentação
de altíssima qualidade;
de altíssima qualidade;
6) Oferece um espaço estratégico de quase 4 metros entre as pistas
(a chamada Faixa Presidencial), muito útil tanto para escape em
eventuais panes ou acidentes quanto para socorro a vítimas.
(a chamada Faixa Presidencial), muito útil tanto para escape em
eventuais panes ou acidentes quanto para socorro a vítimas.
Quanto à tão combatida Faixa Presidencial, além de conferir um diferencial de charme e amplitude de espaço à via, constitui-se num elemento bastante útil e estratégico, conforme veremos:
1) Supre perfeitamente a falta de acostamento nas necessidades de
paradas emergenciais, sem obstruir o trânsito;
paradas emergenciais, sem obstruir o trânsito;
2) Permite às viaturas oficiais se posicionarem ou transitarem livremente
no exercício das funções de fiscalização e controle de tráfego;
no exercício das funções de fiscalização e controle de tráfego;
3) Permite o socorro e resgate de veículos, sobretudo, de vítimas,
independente do trânsito estar engarrafado nas vias normais.
independente do trânsito estar engarrafado nas vias normais.
São incontáveis os casos de salvamentos de vidas quando, após graves acidentes, o congestionamento que imediatamente se forma em todas as vias da região teria impedido o imediato resgate de vítimas por terra, tendo sido possível tão somente porque a viatura fez uso da Faixa Presidencial. Não seria incoerente estimar-se que para cada morte ocorrida nos trágicos acidentes do Eixão, pelo menos uma ou duas vidas foram salvas graças à Faixa Presidencial, que é livremente utilizada pelas ambulâncias de resgate, mesmo sob engarrafamento absoluto nas vias comuns.
Há repórteres do jornal Correio Brazilense pregando, inlcusive, a redução do limite de velocidade para 60 Km como solução para os problemas de transito e eventuais acidentes no Eixão, como se isso fizesse algum sentido. Ora, se os apressadinhos não têm paciência (nem educação) sequer para respeitar o limite de 80 Km/h, acreditar-se que estes mesmos, além de muitos outros menos apressadinhos, vão respeitar um limite de 60 km/h, seria uma ingenuidade infantil!
Na verdade, a imprudência, a ignorância e a desinformação são as grandes mazelas do trânsito de Brasília e do Brasil. E, infelizmente, para muitos motoristas, essa imprudência é tamanha que a mureta só seria uma solução se fosse construída na frente das suas garagens, impedindo definitivamente que saíssem às ruas.
Rodovias do DF: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764578&langid=6
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Marcio Almeida é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, Especialista em Direito Administrativo Disciplinar, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, Diplomado da Escola Superior de Guerra, M∴M∴, Escritor, Músico Amador, Meio-Maratonista, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia.
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