terça-feira, 1 de março de 2011

Presidenta ou Presidente?

Embora não forneçam muitos detalhes sobre a semântica da palavra, a maioria dos dicionários brasileiros admitem a forma "presidenta", assim como admitem tantas outras palavras cuja cacofonia as fez cair em desuso (p. ex. pinicão, tropicão, sobaco, etc...).

Porém, vale registrar que em Portugal a forma "presidenta" é usada como meio de atribuir caráter pejorativo à pessoa destinatária do tratamento. É comumente usado, por exemplo, para qualificar a mulher que quer ostentar o título sem o merecer ou sem dispor das prerrogativas; também pode ser usado para a esposa do presidente, porém sempre preservando o cunho pejorativo.Abaixo, alguns argumentos interessantes em relação à polêmica do uso do tratamento "presidenta", conforme insiste a Exma. Senhora Presidente da República:



SUA EXCELÊNCIA, A SENHORA "PRESIDENTA" DILMA

Fonte: Blog Dama do Lago.


Agora, o Diário Oficial da União adotou o vocábulo presidenta nos atos e despachos de Dilma Rousseff.


As feministas do governo gostam de presidenta e as conservadoras (maioria) preferem presidente, já adotado por jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão.


Na verdade, a ordem partiu diretamente de Dilma: ela quer ser chamada de Presidenta. E ponto final.


Por oportuno, vou dar conhecimento a vocês de um texto sobre este assunto e que foi enviado pelo leitor Hélio Fontes, de Santa Catarina, intitulado Olha "a" “Vernácula” !

Vejam:


No português existem os particípios ativos como derivativos verbais.


Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante…


Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.


Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não “presidenta”, independentemente do sexo que tenha.


Se diz capela-ardente, e não capela “ardenta”; se diz estudante, e não “estudanta”; se diz adolescente, e não “adolescenta”; se diz paciente, e não “pacienta”. Um bom exemplo seria:

“A presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta pensando ser eleganta por ser agora a representanta. Esperamos vê-la sorridenta, numa capela - ardenta, pois esta dirigenta, em atitude barbarizanta, não tem o direito de violentar o português, só para ficar contenta.”
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Luiz Sérgio Samico Maciel


Diretor de Ensino - Campus Belém – IFPA






“[…] São em português uniformes os adjetivos terminados em nte, como já no latim havia uma só terminação – ns – para o masculino e feminino dos adjetivo de segunda classe, por cujo paradigma se declinavam os particípios presentes: prudente, amante, vidente, lente, ouvinte. Ninguém, pelo menos em português, diz hoje prudenta, amanta, videnta, lenta, ouvinta. Alguns dos adjetivos de tal terminação andam a ser flexionados em nta no feminino quando substantivados: parenta, infanta, governanta. Presidenta, porém, ainda está, ao que parece, no âmbito familiar e chega a trazer certo quê de pejorativo […]”


(Almeida, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas, 3ed. São Paulo: Ática, 1996, p.435-6.)

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