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domingo, 18 de outubro de 2015

A farsa da intolerância à Lactose.


1.   Leite: o alimento mais completo e saudável que existe.
2. Lactose não faz mal: A propalada intolerância à Lactose é um mito que usa como pretexto uma interpretação equivocada do processo digestivo.
3.   A indústria quer a Lactose e paga muito caro por ela.

Entenda o porquê.
Leite é o alimento mais completo e mais saudável
Por essa razão, é o único alimento capaz de nutrir, proteger e propiciar o desenvolvimento e o crescimento plenos do mais frágil e mais vulnerável de todos os indivíduos, o recém nascido, sem nenhuma necessidade de suplementação.
A humanidade se alimenta do leite de animais domesticados há pelo menos vinte e sete mil anos. Não é à toa que, segundo a Escritura Sagrada, Deus prometeu ao seu povo "uma terra que mana leite e mel" (Êxodo, 3.8)! Estes dois alimentos contém os açúcares mais preciosos e mais nutritivos que a natureza pode nos oferecer, conforme veremos a seguir.  
Além disso, leite é o único alimento que:

1. Contém, simultaneamente, 16 nutrientes importantes e necessários ao ser humano;
2.   Fornece todos os 10 (dez) aminoácidos essenciais ao ser humano;
3.   Inibe uma vasta gama de doenças pela atividade metabólica das bactérias ácido-láticas, que controlam a proliferação de bactérias intestinais nocivas (Estudo do microbiologista russo Eli Metchnikoff);
4.   Assegura o equilíbrio da flora e fauna intestinal, devido à ação dos microrganismos probióticos vivos contidos no leite, os quais fortalecem e melhoram as propriedades da microbiota nativa (GOLDIN, 1998; SHAH,2001);
5.   Regula as funções fisiológicas do trato intestinal humano pela ação de bacilos de diversos gêneros, especialmente o Bifidobacterium e o Lactobacillus.
Obs.: Os probióticos (bactérias, bacilos e microrganismos em geral) são componentes alimentícios não digestíveis que beneficiam o ser humano por meio da estimulação seletiva do crescimento e atividade de uma ou várias bactérias do cólon, as quais têm o potencial de melhorar a saúde (GOLDIN, 1998; SHAH, 2001). Ressalte-se que o leite pasteurizado perde muito dessa propriedade.
6.   Contém Lactose, seu principal nutriente que, além de ser um carboidrato de altíssimo valor nutricional, praticamente não engorda, uma vez que a sua absorção e a consequente conversão em gordura corporal equivale a menos da metade da sacarose (açúcar comum) e a doçura equivale a 1/3 desta.
(http://www.insumos.com.br/aditivos_e_ingredientes/materias).

Lactose não faz mal.
Depois de uma exaustiva busca na literatura de referência e da consulta de mais de uma centena de páginas especializadas na Internet, verifiquei que pelo menos 95% dos autores condenam a Lactose com base em duas premissas que não se sustentam e não fazem nenhum sentido.
Copiando uns dos outros, todos alegam que o ser humano é o único animal que bebe leite depois de adulto e que bebe leite de outro animal.
Ora, o ser humano é único em praticamente todos os seus hábitos. Nenhuma conduta humana tem origem em modelos copiados de outros animais. Ao contrário de todos os seres vivos, nós somos onívoros que não só produzimos nossos próprios alimentos, como também criamos nossos próprios animais para o abate. Portanto, não faz sentido propor que não devemos beber leite depois de adulto porque a vaca não bebe! Vaca é vaca, gente é gente e somos bem diferentes em tudo!
Na literatura disponível não há razão para se temer a Lactose! Trata-se de um açúcar (dissacarídeo) de altíssimo valor nutricional, composto de moléculas de glicose e galactose, de sabor extremamente agradável!
É encontrado exclusivamente no leite, em proporções que variam de 2% a 9%. Em média, leite de vaca, de cabra ou de ovelhas contém entre 5% e 7%, enquanto o leite humano, o de maior teor, contém entre 7% e 9% de lactose.
Assim sendo, caso uma criança apresentasse intolerância congênita à lactose, a mesma seria acometida de graves sintomas logo ao nascer, quando recebesse os primeiros aleitamentos no peito da mãe, o que poderia leva-la a óbito nos primeiros dias de vida, se não fosse diagnosticado de imediato.
Cabe esclarecer que intolerâncias alimentares apresentam como sintoma fortes reações de inchaço e diarreias que, se não tratadas a tempo, podem levar até mesmo adultos a sérias consequências em questão de horas, podendo ir a óbito muito rapidamente. No entanto, as crianças que, via de regra, têm sido diagnosticadas como intolerantes à lactose, não têm chegado ao médico com sintomas tão graves. Por essa razão, é procedente suspeitar-se de diagnósticos precipitados de intolerância à Lactose. Sobretudo porque, se a criança sobreviveu depois de se alimentar do leite da mãe, é improvável que seja intolerante à lactose.

Porquê os médicos diagnosticam intolerância à lactose?
De alguns anos para cá percebe-se uma avalanche de diagnósticos de intolerância à Lactose, em proporções epidemiológicas! O que será que aconteceu? Com base em quê esse fenômeno se sustenta?
Na verdade, não houve nenhuma incidência epidemiológica e as pessoas não mudaram em nada a sua capacidade de digerir o leite ou a Lactose, como vamos entender mais adiante.
Antes, porém, cabe esclarecer que a Lactose é digerida por uma enzima existente no intestino humano chamada Lactase. Porém, na medida em que a pessoa se torna adulta e passa a tomar menos leite, a quantidade de Lactase em seu intestino vai  diminuindo. É um processo natural: se essa enzima não é mais necessária, o organismo deixa de produzi-la, chegando a desaparecer em muitos casos. Contudo, isso não é deficiência nem doença! É uma reação normal e sábia do metabolismo.
Dessa forma, por causa da redução de Lactase no intestino, o organismo reduz a capacidade de digerir a Lactose - possivelmente porque o corpo não necessita mais desse carboidrato! Porém, isso não causa nenhum mal estar ou dano à pessoa. Pelo contrário, o organismo deixa de absorver um carboidrato desnecessário, evitando assim o acúmulo de gordura corporal.
Entretanto, voluntariamente ou não, médicos e nutricionistas têm interpretado essa redução da capacidade de digerir a Lactose como se fosse intolerância. Porém, isso não faz nenhum sentido! Não passa de uma interpretação equivocada, se não tendenciosa, do processo digestivo!

E porque, simultaneamente, os supermercados passaram a ofertar enormes quantidades de leite sem Lactose?
Ao contrário do que muitos acreditam, a Lactose não é mero subproduto nocivo à saúde. Na verdade, trata-se do açúcar mais nobre que existe, que é utilizado em alta escala como insumo ou matéria prima em uma infinidade de produtos industriais de alto valor de mercado, como veremos a seguir, e que é comercializada a preço de ouro.

A indústria quer a Lactose e paga alto por ela
Lactose é insumo ou matéria prima essencial para a moderna indústria química, farmacêutica e de cosméticos.
Carregamento de Lactose para a China
Com tanto leite sem lactose sendo vendido nos supermercados, muitas pessoas devem se perguntar:
- Para onde vai a Lactose retirada desse leite?
Retirada do leite por meio de processo industrial de desidratação do soro, a Lactose passa por um processo de cristalização para aumentar a sua estabilidade química e reduzir custos de transporte. Em seguida, é oferecida a um amplo mercado, disposto a pagar muito bem por ela.
Numa escala menor, a Lactose costuma ser vendida a padarias, sorveterias e pequenos laboratórios, como por exemplo:
1) Adicionada em pães e recheios, sorvetes, farinhas, alimentos enlatados e produtos lácteos (queijo, iogurte), para conferir textura e paladar mais agradável, permitir a fixação de cor mais intensa e controlar a quantidade de água contida nesses alimentos;
2) Na fermentação de produtos lácteos concentrados e congelados, para preservar a estrutura molecular, evitando alterações indesejáveis de sabor, de textura e de cor induzidas pelas variações de temperatura (Fox & Mc Sweeney, 1998).
3) Em diversos produtos farmacêuticos, para proporcionar suprimento de energia necessária ao desenvolvimento do sistema nervoso central, facilitar a absorção de cálcio, fósforo e vitamina D; favorecendo a retenção de cálcio e prevenindo a osteoporose (Mattar & Mazo, 2010; Camelo Junior et al 2011).

No entanto, isso é apenas a ponta do iceberg. O consumo de lactose e de seus derivados pela indústria vem crescendo fortemente desde a década de 60, ultrapassando atualmente os milhões de tonelada anuais. Seus principais derivados são utilizados em alta escala como matéria-prima/insumo na fabricação de uma infinidade de produtos, especialmente nas indústrias química, farmacêutica, cosmética e de alimentos.
A seguir, exemplos da utilização de alguns desses derivados (Ressalte-se que estes produtos são derivados exclusivamente da lactose).

Algumas aplicações de derivados da Lactose na indústria

1) Ácido Lactobiônico (ácido galacto-glucônico):
a)   Na fabricação de detergentes de louças e sabão em pó para uso doméstico, pelas suas propriedades emulsionante, estabilizante de espuma e alta solubilidade em água;
b) Na fabricação de fluidos conservantes de órgãos transplantados, devido à ação antioxidante capaz de inibir ou retardar a oxidação por inativação de radicais livres sobre o tecido armazenado;
c) Em formulações para vetorização de drogas (estratégia terapêutica que consiste na liberação do fármaco nas células, tecidos ou órgãos), aumentando a eficácia terapêutica de medicamentos e reduzindo a toxicidade e a restrição ao tecido lesado;
d) Como conjugado à quitosana hidrossolúvel com o objetivo de atingir a hepatócito-seletividade;
e) Como substituto do fosfato na alimentação;
f) Na fabricação de cosméticos dermatológicos, devido à ação hidratante, antienvelhecimento, anti-fotoenvelhecimento e rejuvenescedora da Lactona (sub-produto do processo industrial de produção do Ácido Lactobiônico);
g) Na fabricação de produtos antiacneicos (contra espinhas), produtos farmacêuticos cicatrizantes e produtos para peles sensíveis, devido à ação cicatrizante do Ácido Lactobiônico (Nardin & Guiterres, 1999).

2) Lactitol:
a)  É um edulcorante cujo valor calórico é de apenas 2,4kcal/g, largamente usado pela indústria farmacêutica e alimentícia na produção de adoçantes dietéticos e produtos alimentícios e medicinais destinados a diabéticos e obesos (Timmermans,1997);
b)   Na fabricação de chicletes, biscoitos, bolos, produtos forneados e produtos lácteos, em decorrência de sua estabilidade, solubilidade, higroscopicidade e gosto similar ao do açúcar comum;
c)   Na indústria de produtos dentais, por ser considerado um adoçante não cariogênico, uma vez que não é metabolizado pelas bactérias da boca, por isso provoca a liberação de ácidos corrosivos ao esmalte dos dentes;
d)   Na fabricação de medicamentos e produtos dietéticos destinados a promover o aumento de bifidobacterias ativas no colón intestinal, na cura de diversas doenças relacionadas, uma vez que ao ser metabolizado, reduz o pH intestinal, restringindo o crescimento de vários patógenos e bactérias putrefativas e nocivas (Playne et al. - 2003);
e)    Na fabricação de fármacos e produtos medicinais laxantes osmóticos em decorrencia de sua metabolização produzir ácidos carbônicos com poucos carbonos na cadeia, tais como: os ácidos láctico, butírico, propiônico e acético, aumenta a osmolaridade da região intestinal, provocando aumento do bolo fecal.

3) Lactases (Hidrolases ou β –Galactosidases)
a)   Na produção industrial de fármacos e produtos laticínios cuja ação metabólica catalisa os resíduos nocivos de outros alimentos no trato intestinal, transformando-os em glicose e galactose, reduzindo assim os efeitos de intolerância alimentar (Husain, 2010);
b)   Como aditivo a produtos lácteos destinados a consumidores com intolerância à proteína do leite e à Lactose, pois melhora a solubilidade e a digestibilidade do leite e derivados.
c)   Como aditivos destinados a prevenir a cristalização da lactose em produtos lácteos tais como doce de leite, leite condensado, leite concentrado congelado, misturas para sorvetes e iogurtes, além de melhorar as características sensoriais e de textura desses alimentos;
d) Oferecida livremente em países como o Japão na forma de mistura, contendo oligossacarídeos, lactose, glicose e galactose, no estado líquido ou em pó, é usada pelas indústrias de laticínio com objetivo estabilizar a lactase no intestino humano, influenciando beneficamente a saúde e a capacidade digestiva das pessoas, sendo, por isso denominado fator de crescimento Bifidus (Tomal et al. 2010);

4) Lactosacarose:
a)   Usada em alta escala pela indústria dietética mundial, devido à rápida absorção metabólica (cerca de 3 vezes maior que da sacarose), é um açúcar de baixo teor de conversão em gordura corporal, além de estimular o crescimento seletivo de bifidobacterias no intestino humano (Ikegaki & Park, 1997).
b) Na forma de β-frutofuranosidase (subproduto da lactosacarose), é usada em catalisadores destinados a hidrolisar a sacarose em glicose e frutose, que propiciam a transformação química dos resíduos de frutosil proveniente da sacarose (Ikegaki & Park, 1997).

5) Acido láctico (ácido 2-hidroxipropanóico ou ácido β-hidroxipropanóico):
a)   Largamente usado em vários setores industriais, como alimentício, farmacêutico, cosmético, químico e têxtil, o ácido láctico e seus derivados (sais de sódio, potássio e de cálcio) apresentam inúmeras funções, incluindo o uso como acidulante, regulador de acidez, umectante, antioxidante, agente de corpo ou massa, melhorador de farinha na produção de produtos de panificação, etc;
b)   Usado como conservante na fabricação industrial de bebidas (cerveja, vinho, sucos de frutas), bem como de alimentos em conservas (azeitonas, palmito, repolho, pepino, etc...), nos quais promove também a melhoria do sabor e a clarificação da salmoura;
c)   Usado como descontaminante e conservante na indústria de carnes, aves e carcaças suínas, destinado a reduzir a infecção por Salmonella e a contaminação por E. coli, dentre outros (Vijayakumar et al., 2008);
d)   Na fabricação de cosméticos como hidratante e regulador de pH, assim como em produtos destinados ao clareamento e hidratação da pele, além da atividade antimicrobiana;
e)   Os derivados de ácido láctico, como os ésteres de ácido lático com alcoóis alifáticos de cadeia longa são usados como emulsificantes e estabilizantes em produtos de higiene pessoal;
f)    Na indústria química, o ácido láctico apresenta inúmeras aplicações como matéria-prima na obtenção de óxido de propileno, acetaldeído, ácido acrílico, PLA, ácido propanoico, enquanto;
g)   no setor têxtil, o ácido láctico é usado no curtimento e acabamento têxtil incluindo: o tingimento da seda, na descalcificação de vegetais, como neutralizador, agente regulador de pH.

6) Polilactatos (PLA)
a)   Na fabricação de embalagens de plástico biodegradável, reciclável, bioabsorvível e compostável, transparente, assim como para demais polímeros que exijam capacidade de biocompatibilidade (Drumond et al.,2007);
b)   Na fabricação de de fibras e têxtil, agricultura, eletrônicos e produção de aparelhos e aparatos eletrônicos domésticos;
c)   Na indústria médica e de engenharia de tecidos e implantes ósseos, devido à possibilidade de serem utilizados em implantes temporários, devido à sua capacidade bioabsorvível e, à medida que se degrada transfere a tensão gradualmente para o osso em cicatrização, o que elimina a necessidade de uma segunda cirurgia para retirada do implante, fatos que promovem melhor recuperação do paciente e reduzem custos com o tratamento (Rezende & Duek, 2003);
d)   Pela sua capacidade de biodegradação, o seu uso industrial tende a aumentar em escala geométrica, devido às crescentes preocupações ambientais e sustentáveis em relação aos polímeros petroquímicos convencionais, não obstante as dificuldades da indústria em viabilizar o aumento da escala de produção e disponibilidade de matéria-prima (Lactose);

Conclusão:
A demanda da indústria por derivados da Lactose vem crescendo em escala geométrica nos últimos anos, coincidentemente com o crescimento da campanha que divulga o mito da Intolerância à Lactose. Isso se dá, sobretudo, devido ao interesse da indústria em atender a um mercado crescente que requer, como insumo ou matéria prima, derivados da Lactose, quais sejam:

1)   As preocupações ambientais que induzem à demanda de Polilactatos para produzir produtos biodegradáveis;
2)   O interesse da indústria médica por materiais auto absorvíveis, cuja produção necessita de Polilactatos;
3)   A procura maior por alimentos de baixo teor calórico que requer o  uso de Lactitol e Lactosacarose para produzir alimentos e medicação dietética;
4)   A intenção da indústria farmacêutica e de cosméticos em melhorar a qualidade de seus produtos, para o que necessita de Ácido Lactobiônico e Acido láctico.
Todos esses segmentos industriais utilizam como insumo ou matéria prima produtos derivados da Lactose. Por isso, a campanha de demonização do Leite e da Lactose, como forma de afastar a população desses alimentos, reduzindo a sua demanda e, assim, baixando os custos dessas matérias primas para essa indústria.
...
Leia também:
1) Nutrição e Dietas: Dicas
2) Comer bem sem engordar
3) Quatro Décadas de Orientação Nutricional Errada
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Fontes:

http://revistalaticinios.com.br/wp-content/uploads/2011/09/10-Fazer-Melhor-104.pdf

http://www.igastroped.com.br/areas-de-atuacao/intolerancia-a-lactose/intolerancia-a-lactose-mitos-e-realidade/

http://www.enxaqueca.com.br/blog/queijo-sem-enxaqueca/

http://www.saocamilo-sp.br/novo/noticias/maioria-das-alergias-alimentares-e-mito.php

http://www.ecologiamedica.net/2015/09/leite-mitos.html?m=1

http://pt.scribd.com/doc/119915355/Lactose#scribd

* Malcyn Dukya é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, ex Coordenador Geral de Modernização e Tecnologia nos Ministérios da Justiça e do Trabalho e Emprego, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia, Músico Amador, Meio-Maratonista, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, MM

domingo, 7 de junho de 2015

Orientação Dietética Errada Causou Obesidade e Diabetes

Quatro décadas da Orientação dietética errada causou epidemias de obesidade, diabetes e doenças cardíacas

Em 1967, a Comissão McGovern, presidida pelo então senador George McGovern, emitiu orientações dietéticas propondo a redução do suprimento alimentar da população americana  para, no máximo, 30% de gorduras em geral (era 40%). A orientação tinha como propósito equilibrar o abastecimento, de acordo com a capacidade de mercado.

Contudo, o Dr. Robert Olson, professor de medicina e diretor do Departamento de Bioquímica da Universidade de St. Louis, e especialista em ciência da nutrição alertou que estas recomendações não poderiam ser apoiadas pela ciência, uma vez que se constituiria em um risco para a saúde das pessoas a médio e longo prazo. 

Em suas palavras: "Eu implorei no meu relatório e implorarei novamente oralmente aqui para que se façam mais pesquisas sobre o problema antes de fazer este anúncio para a população americana."
Porém, o senador McGovern, insistiu, alegando que o problema “nunca foi uma questão de ter apoio da ciência”, mesmo sem qualquer respaldo científico que apoiasse as recomendações da comissão. Limitou-se a uma breve referência a um estudo clínico aleatório que acompanhou apenas 2.500 pessoas, no qual não se comprovou, em nenhum aspecto, que uma dieta com pouca gordura tivesse vantagens sobre uma dieta maior teor de gordura.

Ignorou, inclusive, outro estudo apresentado pelo Dr. Olson, comprovando que pessoas com dieta de gordura limitada a, no máximo, 10% tiveram uma maior taxa de morte por diversas causas, incluindo doenças cardíacas e obesidade, em comparação com outras que se alimentaram sem restrição de gorduras.

No entanto, ignorando as recomendações científicas e contrariando as evidências que alertavam para os riscos, 220 milhões de americanos foram orientados a reduzir a sua ingestão de gordura.

Infelizmente, essas orientações não foram apenas erradas! Foram também muito perigosas e prejudiciais à saúde da população! Este fato desencadeou a atual epidemia de Obesidade, de Diabetes Tipo 2, de doenças coronárias e hipertensão, que se propagaram para o mundo inteiro.

Quando os fabricantes de alimentos começaram a reduzir as gorduras dos alimentos, naturalmente o sabor também foi se perdendo. Como saída para compensar este problema, decidiu-se adicionar açúcar. Isto funcionou bem economicamente, uma vez que a frutose e o xarope de milho eram baratos e abundantes nos EUA.

Porém, metabolicamente foi um desastre! Os enormes aumentos de açúcar na dieta da população superaram os limites da capacidade fisiológica do organismo e o resultado foi uma fisiopatologia que assolou a população.

Entenda como isso aconteceu

Os açúcares naturais, como a frutose (das frutas e cereais) a lactose (do leite) são nutrientes saudáveis para o consumo humano. O problema são as quantidades estonteantes contidas nos alimentos processados, sobretudo em refrigerantes, massas e biscoitos.

Tanto o carboidrato das farinhas de cereais quanto as altas quantidades de açúcar adicionadas, causam problemas. O açúcar mais comum, derivado da cana, produzido pelo resultado da adição produtos químicos à sacarose, é ainda mais prejudicial.

O fígado é o único órgão do corpo que pode processar os açúcares. As enormes doses de açúcar naqueles alimentos sobrecarregam a capacidade do nosso fígado, que passa a converter uma quantidade muito maior em glicogênio, que será armazenado em forma de gordura corporal, causando o ganho de peso e demais prejuízos à saúde.

Ou seja, o fígado transforma todo o açúcar que sobra em gordura, por meio de um processo denominado lipogênese de novo (LDN). Em seguida, armazena a gordura em todo o corpo: na barriga, nas nádegas, braços, pernas, etc...

Mas a gordura que vemos - aquela que nos transforma em pessoas obesas - não é o maior problema. O maior problema é a gordura que não vemos: aquela que é fabricada pelo fígado e que, em quantidades demasiadas, faz com que o fígado torne-se insensível aos sinais da insulina. Isto é conhecido como a resistência à insulina. A insulina é o hormônio que regula o metabolismo de carboidratos e gorduras. Como tal, é o principal hormônio responsável pelo uso de energia e armazenamento de gorduras no corpo.

O fígado usa os açúcares que nós ingerimos como matéria prima para fabricar essa gordura.
Quando o fígado torna-se resistente à insulina, uma avalanche de eventos perigosos é desencadeada, resultando em diabetes, ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, obesidade e hipertensão. O pâncreas reage à insensibilidade do fígado à insulina, produzindo mais insulina, começando um círculo vicioso muito prejudicial. Daí, vem a obesidade, o Diabetes, que pode levar às amputações, cegueira e diálise renal.

Por meio da metabolização do açúcar, o fígado produz também as gorduras saudáveis, necessárias ao nosso organismo. Mas o excesso de açúcar ingerido leva à produção de gorduras não saudáveis que podem ficar incrustadas nas paredes de nossas artérias, bloqueando a circulação e causando ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (derrame).

Portanto, a gordura é o problema. Mas não é a gordura que você come e sim a gordura produzida pelo seu fígado, quando este é sobrecarregado com uma enorme carga de açúcar!

Hora de mudar os conceitos

A comunidade médica está começando a reconhecer que o velho paradigma está desmoronando.

Em março de 2015, a Mayo Clinic Proceedings publicou um artigo intitulado "Acrescentou Açúcar: Um driver principal da Diabetes Mellitus Tipo 2 e suas conseqüências". O artigo mostra que cada um de nós, em média, consome 30 vezes mais açúcar adicionado do que consumia há dois séculos.

Outro artigo de revisão publicado em abril de 2015, na revista médica Cirurgia Hepatobiliary e Nutrição, teve o provocativo título de "A ingestão de carboidratos e doença hepática gordurosa não alcoólica: açúcar como arma de destruição em massa". O açúcar foi identificado como o principal culpado da obesidade, doenças do fígado, da diabetes do tipo 2, doença da artéria coronária e apoplexia.

O médico brasileiro Dráuzio Varela, em sua página Os Prazeres da Carne observa que, ao longo de mais de 30 anos, enquanto os americanos conseguiram diminuir o consumo de gordura animal em 17% (reduzindo de 40% para 34% da dieta diária), o índice de obesidade subiu 57% (de 14% para 22% da população), ao mesmo tempo em que se registrou um vertiginoso aumento dos casos de Diabetes, Hipertensão e doenças cardiovasculares.

Um dos líderes nesse campo, o Dr. James J. DiNicol antonio, publicou esta matéria no British Medical Journal: "...A epidemia global de aterosclerose, doença cardíaca, diabetes, obesidade e síndrome metabólica está sendo impulsionada por uma dieta rica em hidratos de carbono (açúcar ao invés de gordura), uma revelação que estamos apenas começando a aceitar."

Agora, o chamado paradoxo francês faz sentido. Franceses com sua alta ingestão de alimentos gordurosos, como queijos e frois grãs, não apresentam doenças coronárias nem obesidade na mesma proporção. Isso confirma o que já sabíamos: a ingestão de gordura não causa obesidade nem doença arterial coronariana.

Apesar de uma grande parte da comunidade científica e médica ainda permanecer alienada pelos conceitos retrógrados e equivocados do citado aconselhamento dietético errado, há uma crescente conscientização que tende a reverter o problema. Já é tempo de os Centros de Controle de Doença, a American Heart Association, a American Diabetes Association e a medicina convencional reverem as orientações e demonizar açúcar, o verdadeiro culpado, e absolver as gorduras.

Resumindo:
GORDURAS:
São processadas pelo metabolismo em forma aminoácidos e energia.
Não engordam e não causam diabetes nem doenças coronárias.

AÇÚCARES E MASSAS:
São digeridos e transformados em gordura pelo fígado.
Engordam e causa doenças
Lamentavelmente, ainda existem interesses poderosos que serão ameaçadas pela verdade científica. Existe uma gigantesca indústria alimentar global que promove o consumo de uma dieta de alto teor de açúcar. Mas, quanto tempo vai levar para percebermos que é o açúcar, e não a gordura, que está nos matando? Quantas pessoas ainda vai ter que sucumbir à devastação de uma dieta rica em açúcar?

Façamos a nossa parte! Paradigmas velhos morrem. Galileo passou os últimos seis anos de sua vida em prisão domiciliar pela heresia de acreditar que a Terra não é o centro do universo. Durante o tempo de Galileu, a Igreja Católica era todo poderosa e condenou as ideias de Galileu como heréticas porque a ciência era contrariada.

Recomendações dietéticas:
  1. Comece evitando todos os açúcares adicionados, especialmente de açúcar líquido como refrigerantes.
  2. Coma frutas, preferencialmente inteiras e não o suco, que concentra o açúcar e remove a fibra benéficas.
  3. As escolha pessoais são apenas uma pequena parte do que precisamos fazer. Precisamos fazer a escolha saudável, a escolha fácil.
  4. Precisamos permitir liberdade aos nossos hospitais, clínicas, consultórios odontológicos e outros estabelecimentos de saúde para se livrarem e desaconselharem alimentos e bebidas com adição de açúcar. Precisamos fazer o mesmo com as escolas, creches, repartições públicas, estado, etc...
  5. Precisamos de um imposto nacional para refrigerantes, como no México, com os recursos investidos em programas para reduzir a adição e o consumo de açúcar. Está funcionando no México. Precisamos aprender.
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Ipanema- RJ, 1975.

Ipanema - RJ, 1975.

Ipanema - RJ, 2015.

Ipanema - RJ, 2015.

* Malcyn Dukya é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, ex Coordenador Geral de Modernização e Tecnologia nos Ministérios da Justiça e do Trabalho e Emprego, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia, Músico Amador, Meio-Maratonista, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, MM∴ 

Colaboração e Orientação: Doutor Erik Neves, Médico Especialista em Nutrologia Esportiva
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Marcio Almeida é Engenheiro Mecânico e Engenheiro Industrial, Administrador de Empresas, MBA em Gestão Governamental e Ciência Política, Especialista em Informática, Especialista em Direito Administrativo Disciplinar, ex Diretor de Auditoria Legislativa e ex Presidente de Processos Disciplinares na Administração Federal Brasileira, Diplomado da Escola Superior de Guerra, M∴M∴, Escritor, Músico Amador, Meio-Maratonista, pesquisador autodidata em Nutrologia e Nutrição Esportiva, História e Sociologia.